quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Aos poetas do quotidiano

Quem tem origens nordestinas
Sabe poetizar o quotidiano
Transforma sertão em mar
Mar em sertão
Mesmo se a chuva só pinga,
Mandacaru flora.
A cratera aberta no solo do sertão
Vira lição de vida
São rostos envelhecidos no chão...
Que o senhor da terra pisou, ignorou
Nos solados de seus pés o poder acumulou
Água, fio condutor de poder
Pouco importa as crateras na terra do sertão,
Rostos envelhecidos da vida,
Rostos com sede de vida,
“Dar de beber a quem tem sede”...
Provérbio de uma bíblia esquecida
Os coronéis do sertão têm direito ao perdão?
Felizmente os poetas surgiram das crateras desse chão
Declamando por justiça pendurando seus versos em cordões!
Resgatando memórias,
Exaltando a liberdade,
Clamando por justiça
Poetizando o quotidiano
O cordel nasceu, o cordel cresceu,
O cordel se revoltou!
E a poesia deu vida aos nordestinos
Ontem, rostos desfigurados pelo sol,
Hoje rostos rejuvenescidos brotam desse chão
O cidadão do sertão não aceita mais a exclusão
O ser cidadão, o ser, o ter no sertão
Água, Terra, fontes de vida
Sol, energia circulando,
Beija a terra sem agressão,
A seca, vocabulário secular,
não é mais bicho papão e rima com solução?
Salve os poetas da subversão oriundos do sertão
Que não esperaram passivos a chuva chegar
Que em noite de lua cheia vagam pelos campos semeando a utopia !
Utopia real de uma poesia não virtual,
Ela é real
E tem no nordeste sua capital !
Marilza de Melo Foucher

Viroflay, 28 de março 1998 (primavera)
Homenagem aos sertanejos que eu encontrei durante minhas viagens ao Nordeste.

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