Manaus tempos idos

Queria me perder na cidade de minha infância
Pelo prazer de me achar...
Mas minha cidade se perdeu, se desfigurou.
A esquina do fuxico se calou...
A memória se perdeu na malha urbana
Em cada esquina te busco e temo o desencontro.
Faço florescer os tempos idos da memória,
Refaço minha cidade no bodinho da Saudade,
Vou viajando por trilhos arrancados,
Vejo a igreja da matriz, a praça Osvaldo Cruz,
O centro da cidade com sua arquitetura mesclada,
Manaus dos Palácios, dos belos teatros, cinemas,
De grandes Bulevares, com ruas arborizadas,
As avenidas com calçadas, belas praças,
Os coretos e bandas a tocar nos domingos.
Sua arte nouveau tão bem representada,
Seus sobrados, casarões, todo tipos de construções,
Estilos italianos, ingleses, francês e tropical.
Continuo meu passeio imaginário por Manaus,
Pego a linha do bonde circular, a linha dos Remédios,
Passando por vários lugares, Flores, Vila Municipal.
Este era o percurso dos domingos com meu pai,
Ao lado da janela, eu olhava a paisagem e ele as donzelas.
Viúvo e deputado, para Mario Diogo namoros não lhe faltava,
Não tínhamos pressa e o passeio continuava...

Marilza

Manaus, agosto de 1985
Viagem com minha família francesa a Manaus