Minhas Meninas
De uma mãe nascida nas barrancas do rio Acre
Minhas filhas, minhas amigas,
Resultado da miscigenação,
Fruto do amor ternura.
Duas franco-brasileiras,
Enlace cultural de duas sociedades.
Uma de origem Amazônica,
Que eu nomeio de sociedade da canoa,
A segunda que é francesa-parisiense,
Que eu denomino de sociedade do metrô.
A noção do tempo já marca a diferença.
Na sociedade da canoa,
O tempo se interage com a paciência da espera...
O relógio é um objeto desnecessário,
O tempo não é uma ciência exata,
Ele está fora do alcance do cronômetro.
Apenas, existem alguns parâmetros:
Na madrugada, no inicio do dia,
Antes de meio dia, na tarde,
Na boca da noite e antes da meia noite.
Medidas de encontros e desencontros.
Na sociedade da canoa,
O volume e a corrente das águas,
Contribuem para a canoa avançar...
A força humana co-habita com a força bruta.
A natureza dita suas regras,
O ser humano se adapta ao meio ambiente.
Pode-se remar contra e favor das correntes.
O caboclo rema com o tempo,
Sentado na canoa chega a tempo...
O importante é chegar ao destino final...
Sem pressa, sem se estressar com o tempo.
...
Na sociedade do metrô,
O tempo da espera é distinto,
Tudo depende de cálculos racionais,
A velocidade é programada,
Retrata a pressa na evolução do mundo moderno,
O tempo é sempre contado, medido,
O ser humano estar sempre a correr,
Corre pra pegar o metrô...
A noção de tempo é fundamental.
O relógio é indispensável!
Cada cultura tem o seu ritmo.
Uma responde aos critérios da natureza,
A outra aos critérios da racionalidade...
As duas sociedades se mesclam,
As diferenças reforçam a convivência.
Maïra e Taïna, minhas meninas,
Herdeiras desse capital cultural.
Sabem correr e sabem esperar...
Mescla de cartesianismo com sabor tropical.
Aprendizado rico de conviver com o tempo,
O tempo da Canoa, o tempo do Metrô.
Marilza, escrito em junho 2001
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