sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Meu Ócio Criativo:

Dando evasão à inspiração

Improvisações poéticas, quase-poemas, prosas, crônicas.

Marilza de Melo Foucher


Resistir ao vazio
Marilza de Melo Foucher

Nada de deixar o vazio se instalar,
Mesmo com a morte de entes queridos,
O vazio é preenchido pelas boas lembranças.
O vazio aniquila o ser e ter,
Nada pior que o vazio afetivo, ele gera depressão,
Resista ao vazio interior, ao vazio existencial,
O ser afetivo existe, não deixe ele lhe escapar,
Ele esta dentro de você, ele está na relação com o outro.
Reative o espaço da convivência solidaria,
Seja o antivírus para a intolerância no Brasil.
Nossa terra é fértil pra germinar fraternidade.
Alimente a mente com leituras,
Evite o vazio do pensamento,
Assim como o vazio do ideal político,
O niilismo nunca foi solução para entender as contradições.
As idéias se concretizam na ambição dos sonhos.
Sem sonhos, a realidade perde o sabor do desafio.
Por isso não deixe o vazio destruir a fé no amanha.
A felicidade exige talento que o pessimista não tem.
Busque o sentido da vida prestando serviços ao outro.
Viva a ternura do Ser no prazer do Ter compartilhado.
São nos gestos simples que a felicidade se erradia.


Para todas as amigas e amigos Feliz Natal com muita fraternura para oferecer
Dezembro de 2015


Decorações amazônicas,
Nas paredes do salão,
Peneiras tecidas pelos baniwas,
Outra de desenho kaxiinauás
Tipiti dos Yanomami,
Remo Porantim dos sateré-mawé,
A beleza entrançada de saudades
Instante do imaginário presente
Basta fechar os olhos e respirar
Até ganhar a cadência...
Sopro de paz interior...
Abrir os olhos devagarinho
Fixar no colorido das orquídeas
Deixar livre o pensamento...
Receber esta energia cósmica
Uma meditação consciente
No mundo visível da infância
Território povoado de lembranças.

Marilza escrita em 2015

Assim se conta o Tempo?

2011, 2012, 2013,
2014,  2015 e, logo mais 2016...
Na lógica da contagem do tempo,
Ele será sempre tempo futuro.
E o tempo passado não se conta?
Mas que passado?
Se a Saudade é tempo presente.
E o Tempo Futuro?
Constrói-se com o tempo presente.
O tempo vive de zigzag.
Nem ano velho e nem ano novo.
Passado, presente e futuro,
São aliados da vida.
Que tal fazer o tempo sonhar?
Vamos alegrar a tristeza,
Assustar os pesadelos,
Afagar a solidão...
Transforme o final de ano em canção,
Cante a década de sessenta, setenta,
Oitenta noventa até 2000.
Navegue pela sonoridade musical,
Que caracteriza o Brasil.
Comece em 65 na era dos festivais,
Escute Edu Lobo, Vinicius de Moraes,
Tom Jobim, Nara Leão, Chico,
Caetano, Gal, Gil, 
Elis Regina, Jair Rodrigues,
Manduka e Vandré, Tom Zé,
Raul Seixas, Tim Maia, Gil,
Roberto Carlos, Erasmo Carlos
Clara Nunes, Rita Lee, Jorge Bem.
Geraldo Azevedo, Fagner,
Do Gonzagão ao Gonzaguinha.
Sem esquecer-se do Cartola e Paulinho da Viola,
E o tempo vai virar festeiro,
E todo mês será fevereiro.
O sol vai brilhar no céu do novo dia
2012 vai ser só alegria.

Escrito no Vôo Porto Alegre/Lisboa/Paris
Sem rimas nem versos viajando nas nuvens da imaginação.

Marilza de Melo Foucher
19/20 de dezembro 2011



Adeus herói da liberdade!


Camarada Madiba para sempre presente!
Adeus herói da liberdade e fraternidade,
Homem digno, prêmio Nobel da paz
Apóstolo da reconciliação racial
Mandela quebrou as correntes da ideologia colonial
Lutou toda a vida pela força das idéias,
Mandela soube fazer política com inteligência.
Para ele a poesia e literatura eram fontes de energia
Era ardente defensor da cultura e educação
Ele dizia que eram as armas mais poderosas
Para serem usadas para mudar o mundo.
Madiba tinha o sorriso nos olhos serenos
Sabia escutar o coração e a mente.
Homem de coragem e forte resistente,
Sabia que não existe tempestade sem vento.
Consciente que o mal pode ser permanente,
Fez uso da perseverança para cultivar a esperança.
Na prisão, ele foi obrigado a quebrar pedras,
Mandela dominou esta matéria bruta,
As pedras também podem ganhar formas humanas,
Assim Madiba pensava que domaria a besta humana,
Mandela, Madiba herói da LIBERDADE
Madiba tu seras sempre flama viva da fraternidade.

Marilza 5 de dezembro 2013





Um ano em três estações
Para Gabriela

O sol brilha
Perfura as nuvens
Esquenta a terra
Sementes brotam,
Colorindo o chão
Primavera de vida
Verão no coração
Outono dourado
Três estações
Para a vida florir
Ela é Gabriela
Flor da vida,
Presente embrulhado de felicidade

De Vó Marilza para aniversario de Gabriela 17 de novembro de 2014



SambaGabi

Sambagabi vamos cantar
Sambagabi vamos dançar
Pra começar bate com as mãos,
Agora bate com os pés,
Diz que Tum, Tum, Tum,
Quixetum, ichiquetum
Baschiquita, tatá
Quichiquita tatá,
Ta na hora de sambar
Um passo pra frente,
Um passo pra trás
Rebolabola ta bom demais.
Agora dois passos de lado,
Um para la outro pra Ca,
Roda Gabirela;
Vai de bandinha,
Bate palminhas,
Diz Quixetum, ichiquetum
Baschiquita, tatá
Quichiquita tatá,
Taratata
E sem parar
Pumbum, inquitubumm
Barchiquita, ta bom demais
Pega no ganzé, pega no ganzá
Sambagabi se dança sem parar.

Marilza


25 anos que a semente brotou em mim
Para Maira


Pensando no teu aniversario,
Que presente eu te daria?
Fotos mostrando a magia da natureza?
Pra que melhor presente que essa beleza?
A beleza que existe em você...
Escondida no teu interior,
Exposta no teu sorriso encantador,
Porém mais belo que a natureza,
Foi essa semente que em mim germinou,
Cultivada no meu jardim interior
Eu dei o nome de Maira,
A terra prometida em tupi-guarani
E dia 9 de dezembro 1985
A felicidade sorriu para mim.

Marilza de Melo Foucher
9 de dezembro 2010




Nada mais que palavras

        Dedicada a Tania




Palavras que se somam,
Palavras que se cruzam,
Palavras escondidas,
Palavras transmutadas,
Palavras liberadas,
Palavras sem versos,
Palavras sem prosas,
Palavras que emergem,
Mentalmente sonoras,
Dançam entrelinhas,
Tropeçam na métrica,
Sem perder a melodia.
Unem-se com outras
Brotando a poesia.
Apenas palavras,
Nada mais que palavras.

Marilza

Palavras escritas no metro da linha 12
Março 2010





Viagem no TGV
          Tradução Thiago de Mello e Pollyanna



Tudo passa tão veloz.
As paisagens desfilam,
O TGV se acelera,
A beleza se esvai
com a velocidade do tempo,
o olhar é incapaz de apreender.
Ah, estes meus olhos fatigados.
A velocidade me irrita.
Para que tanta pressa?
Se esse ridículo progresso
Afugenta a beleza.


Marilza de Melo Foucher
10-10 2009


A leitura.

Homenagem aos escritores da Amazônia


A leitura de um livro
Altera todos os sentidos.
Em cada página virada,
Em cada página lida,
Imagens ficam retidas,
A emoção se manifesta.

A leitura se ocupa do tempo.
Oh, livro!Companheiro onipresente.
Bendito a vós, bom escritor!
Que detém como refém o leitor.
Dotado de imaginação,
Num vai e vem de surpresas,
De suspense e humor.
Transporta sem peso o leitor.



Homenagem aos poetas

Bendito a vós, poeta!
Jardineiro universal,
Do mais humano dos sentimentos,
Uma magia sugestiva,
Embevecida de sensibilidade,
Essência profunda da inspiração.

Eu leitor, penetro na tua cidade,
Caminho pelas ruas timidamente,
Vejo muros pintados de palavras,
Transcritos de sonoridade e beleza.
Poemas de amor, de resistência, de revolta.
Encanto-me de tua magia.
Envolto no teu sonhar acordado...

A fonte da poesia é o coração,
Ela se erradia e irriga o mental.
O impossível passa a ser real.
As madrugadas de sonhos,
Serão os amanhãs de realidade.
Sonho e ação,
a serviço da humanidade.
Marilza de Melo Foucher
maio 2009




Louvor ao tempo infinito
Para meu pai com fraternura cabocla.


Ah! Se eu pudesse parar o tempo...
O amarraria numa bela arvore,
Como símbolo perene de vida,
Nascer, viver e morrer.
Transformaria em nascer e renascer.
Todo ser humano solidário,
Em harmonia com o ser e ter,
Respeitoso da mãe-terra.
Teria o direito ao renascer.
Com intervalo para meditação.
Um tempo pra repensar os erros,
e escrever um poema-testamento,
Ao viandante inconsciente do tempo,
Amante eterno da natureza.
Menino nascido na Amazônia,
Coletor de leite seringa,
Cortador de lenha, vaqueiro.
No aconchego das arvores,
Buscava sombra e repouso,
O menino sonhava...
Escutando os cantos dos pássaros,
A sonoridade do sopro do vento,
Adorava os ruídos da floresta,
Nas asas da imaginação viajava,
Percorria o mundo,
Viajava pelo tempo-futuro,
Ancorado no infinito do tempo.
Louvando a vida em tempo presente
.


Marilza de Melo Foucher
Março 2009




Palavras sem males

Traduçao Thiago de Mello e Pollyanna




Uma anatomia imperfeita
encobre, às vezes, pequenos males.
O corpo precisa falar.
Os males se libertam com as palavras,
a angústias, as contrariedades se revelam
encharcadas de dor.
O corpo reage com palavras sãs,
apesar do sofrimento.
As palavras de esperança fazem o dia.


Marilza de Melo Foucher
Escrito na clinica de “Porte Verte”- Versailles-França
2009-07-10

O carnaval Brasileiro


O carnaval é a festa do povo,
São três dias de total folia!
Nem sempre de máscara e fantasia.
Do norte ao sul uma só festa!
Blocos de rua, escolas de samba,
Maracatus, muitas batucadas.
Assim é o carnaval, muita vibração e alegria!
Muita adrenalina liberada,
O stress se evapora, a alegria se manifesta.
O corpo se carrega de energias,
Muita descontração e emoção!
O ritmo segue a batida do coração.
Dança-se o samba, pagode, pula-se o frevo,
Se canta muitas marchinhas...
Casais enrolam-se em serpentinas,
Nos bares, nas ruas, nas esquinas,
A tristeza se despede animada,
Nas calçadas a alegria perambula...
A vida se faz colorida, vira canção.
No horizonte, o sol brilha sem sombras...
Instante sonoro para a felicidade efêmera.
Na ingrata quarta-feira o gigante cai na real...
A festa acabou, tudo volta ao normal!

Marilza de Melo Foucher
Janeiro 2007

O Txai Terri

O Txai viveu uma vida de rebojos.
Nenhum turbilhão lhe impressionou!
Mergulhou no universo dos encantados,
Atravessou rios, matas, igarapés, igapós,
Navegou no emaranhado dos rios...
Porém o Rio Jordão ganhou seu coração.
Foi adotado pelos índios Kaxinawás,
Hoje, Terri é Txai, amigo-irmão!
Com olhar de cobra grande atrai todo (a)s,
Contempla a natureza e capta seu silêncio...
Ele sabe escutar os gemidos da floresta,
O grito de revolta dos povos indígenas.
O Txai aprendeu a convivência partilhada,
A fraternidade cósmica da Amazônia.
Ele vira Curupira se a mata é agredida,
Se os índios são perseguidos.
Lutou contra a servidão imposta aos índios.
Precursor do exercício da “florestania” ativa.
Registros de diferentes conquistas de direitos,
Índios libertos, ecossistemas protegidos!
Cultura amazônica resgatada,
A floresta de símbolos e vida é protegida.
Txai, amigo mano, parabéns!
A vida continua...E a luta também.

Fraternura da cabocla
Marilza de Melo Foucher



Meu eu

Oh, eu imperfeito,
Meu ser complexo
Sempre dialético
Entre o Ser e Ter

Oh, eu errante,
Navegante inconsciente
Perdido em labirintos
Por arquétipos distintos.

No outro me busco
Meu espelho quebrou
Sou eu o avesso de mim?
Apenas gênero humano
Rebelde e sonhador.

Marilza de Melo Foucher
Viroflay-França, nov.2006-11-22


Velocidade do tempo - vãos sentimentos



Dentro da aldeia virtual eu perdi a bússola do tempo,
Da França ao Brasil navego solitária via satélite
Basta ligar o computador e o carteiro na tela aparece.
Leio cartas de amigos, da família, blogs e jornais.
Recebo muitas informações até as horrorosas correntes.
Acompanho tudo o que se passa no mundo,
Intervenho em debates, sem que eu tire a bunda do lugar!
Porém, ainda me sinto estrangeira nessa aldeia global...  
Toca a campainha e eu saio pra abrir a porta
Meu carteiro sorridente me dar um largo sorriso e bom-dia.
E diz todo contente: chegou carta do Brasil!
Digo-lhe: Coisa rara deve ser de meu pai!
O único que não perde seu tempo ao ir ao correio
Apesar da idade, com as mãos que começam a tremer,
Ele não perdeu o prazer em escrever belas cartas.
Pergunto então ao meu carteiro francês:
O que você acha da velocidade do tempo?
A internet estar matando os sentimentos?
Sim. Responde-me com ênfase!
Além disso, estar acabando com meu trabalho!
Antes eu reclamava do peso da bicicleta, era dura de pedalar!
Eu carregava noticias do mundo inteiro...
Hoje meu porta-bagagem estar quase vazio.
Carrego poucos pacotes, as cartas diminuem cada vez mais!
Só carrego o peso das cartas de cobranças!
Acabou a alegria em me ver!
Poucas damas me esperam no portão...
Acabou aquele suspense em abrir um envelope
A curiosidade de onde vinha o selo...
A vibração da alegria ao identificar a caligrafia...
E sentir o coração palpitar ao ver a carta esperada chegar
Adeus filatelia! Ninguém coleciona mais selos.
Que sentido tem as coisas hoje?
Nesse mundo global de comunicação virtual,
As pessoas transferem para o computador seus sentimentos
Escute Madame Foucher essa que vou lhe contar:
Um dia eu perguntei para uma dama, se tudo estava bem.
Ela disse-me: tive um vírus fatal
Como se a senhora estar viva?
Ela riu e disse-me: falo de meu computador!
Ele pegou um vírus brabo e se apagou.
Eu chamei o doutor internet e ele não resolveu
Estou louquinha Sr. Carteiro e não sei o que fazer!
O carteiro sorrindo, pega a bicicleta e sai pedalando feliz.
Assim vai o mundo... Vãos sentimentos.

Viroflay maio 2006

Crônica dedicada ao nosso carteiro Philip de Viroflay

A Rapidez da beleza


Borboleta multicolorida
Beija uma rosa vermelha.
Aproximo-me, ela voa...
Vejo um campo de lavandas
Aproximo-me
A beleza se evapora em perfumes...
Vejo um beija-flor e uma abelha
Disputando o mel e a beleza da flor
Aproximo-me divagar...
Uma pétala cai suavemente em meus pés.

O outono chegou.
As árvores se vestem de dourado.
O inverno na disputa do tempo se faz presente.
As folhas douradas voam.
O inverno deixa a beleza nua
Com um manto branco de neve exposto a seus pés.

...

Atravesso mentalmente o Atlântico.
Vejo o alvorecer na floresta Amazônica,
Contemplo o reflexo do sol entre as arvores.
Um bando de araras chega em alvoroço
Olho
para admirá-las e elas voam...
Acompanho por segundos a debandada das gaiatas.
Asas coloridas voam em harmonia
E
desaparecem como um arco-íris no céu.
Rio Negro e Rio Amazonas,
Cartão postal de minha Manaus.
Uma beleza em Preto e Branco...
...
Na Patagônia, navegando no lago Argentino,
pelo canal “Upsala”, vejo uma beleza esmerada.
O barco se aproxima,
A beleza glacial se derrete,
Os Icebergs se movem...
Perigo à vista!
E a beleza nos desafia.
Resta beleza natural
A vida que se faz vida
Num tempo de beleza efêmera.
Viroflay 23 de dezembro 2004

Marilza de Melo Foucher
Fotos tirada pela autora


O amor impossível



No horizonte o Sol arde de suor,
Impaciente, espera a Lua chegar.
A Lua cheia de charme se faz esperar.
Através de uma fresta nas nuvens,
Mostra somente sua meia cara.
O Sol vendo a noite chegar,
Desesperado mergulha no mar...
Graças às sereias ele será salvo,
E se encanta em cavalheiro.
No céu a lua mostra a cara inteira,
Envolvida num manto de estrelas,
Embeleza a noite com seu fulgor.
Ilumina a praia de cor prata,
Salpica desejos nas sereias,
Que insanas de amor vagueiam.
Deitam e se enrolam de prazer,
O sol cavalheiro encantado,
Imerso no ondear das sereias,
Sem resistência se entrega na orgia,
Tem orgasmos incessantes...
De cara pra lua se extasia,
Adormece enfeitiçado.
A noite se vai...
A madrugada chega,
A Lua traída desaparece
É hora do Sol voltar a brilhar...

MMF outubro 2006




Deambulações urbanas


Deambulo sem pressa pelas ruas,
Busco nos rastos do passado
Meu território de saudades...
Cidade emergida das águas,
A Capital mestiça de encantos.
Hoje, fragmentos de lembranças,
Outdoors encobrem tua memória,
O passado some nas esquinas...
Eu, transeunte perdida...
Busco-te nessa malha urbana.
Manaus cadê tua cara humana?
A esquina do fuxico se calou...
A solidão social se instalou.
O progresso te devorou?
Minha cidade se desfigurou,
O sino da matriz se calou...
Piso na sombra de meus passos
É meio dia: Final de percurso...




Escrita depois de uma viagem à Manaus 2006
Marilza de Melo Foucher


A morte vestida de branco


Ontem sonhei com a morte
Ela se aproximou de meu leito,
Não era feia, nem se vestia de negro.
Não tinha cara de caveira.
Ao contrario, tinha um rosto bonito,
Vestia-se de branco, era bela.
Tinha um sorriso de ternura,
Trazia um bouquet de rosas
Rosas vermelhas e amarelas,
Aliás, minhas cores preferidas.
Numa voz suave disse-me:
Leva contigo a beleza da vida.
Eu não quero levar nada!
Eu quero ficar por aqui.
Ficar curtindo a vida,
Quero muita desta vida.
Quero o máximo da vida!
Acordei-me sobressaltada.
Pensei nas cores das rosas,
O vermelho representa a vida,
O vermelho da resistência,
O amarelo representa o sol,
O bom tempo, a felicidade.
A morte se vestia de branco,
O que significa muita paz!
Assim interpreto meu sonho:
Somente a vida recompensa a beleza
Adormeço respirando o odorar das rosas...


MMF-Viroflay 21 de fevereiro 2006


Memória, memórias?



Estocagem de lembranças,
Passado, presente conjugados. 
Por vezes, passado presente,
Às vezes, presente passado.
Por vezes, poucas recordações,
Que ficaram presas ao passado.
Memórias boas e ruins,
Um vai e vem de “souvenir”...
No retrovisor do tempo,
O meu eu se realiza e se revela,
As imagens se projetam,
Muita historia de vida gravada,
Que vale a pena sempre lembrar.
Outras deitaram no divã da psicanálise,
Em conflito dialético com meu eu.
Desvendadas em analises,
As palavras foram liberadas.
Restou o edifício do meu eu inacabado.
Cada memória uma pedra em construção...
Refletido em mim como um espelho.
Oh memória, memórias!
Que fazem florescer o tempo,
Armazenando lembranças,
Conjugando passado e presente.


Marilza de Melo Foucher- final de 2005


A teimosia dos utópicos.

Nenhum caminho será inacessível para os  utópicos.
Encha sua mala de desejos infinitos
De sonhos compartilhados,
Eles se tornarão realidade
Somando os sonhos, enfrente os desafios.
Para chegar até lá,
Passarás por muitos caminhos.
Tropeçarás em muitas pedras,
Nem só de sol é feito o dia...
Encontrarás abruptos caminhos
O terreno de certeza será árido.
Atravessarás deserto...
Entretanto, nos caminhos de pedras,
Boas surpresas te esperam
Da aridez da terra nascem magníficos cactos...
A brisa da aurora vem sempre acariciar seus duros espinhos,
Eles desabrocharão em ternura germinando beleza.
Entre pedras o belo também se reproduz...
No horizonte surge sempre um arco-íres
Que virá compartilhar a beleza com os cactos em flores.
Então a esperança renascerá
E entre pedras continuarás a caminhar
Assim é a utopia...

Marilza de Melo Foucher
Escrito em Viroflay 2005

Primavera 2005

O inverno disse adeus,
O sol apareceu
O céu cinza azulou,
O solo gelado se aqueceu.
As plantas se acordam do sono hibernal,
Desabrocham beleza no meu jardim floral.
De uma beleza esmera,
Meu jardim se veste de primavera.
Eu contemplo essa obra natural,
Ornado como um quadro de Monet.
Eu, frustrada por não saber pintar,
Fico a observar as flores do chão brotar.
Vôo em busca do meu ócio criativo,
Sem alardes a improvisação se faz presente.
Da sonoridade das palavras florescem sentimentos.
Que perdoem os poetas, se versos não sei fazer,
Na verdade vivo para aprender e apreender.
Quem sabe, se um dia por força da teimosia,
De minha sensibilidade aguçada,
Versos e prosas emergirão.
Então a poesia vai florir de minha inspiração.
Por enquanto sô faço improvisação...

Viroflay, 20 de março 2005


Sonhos utópicos

Freud já dizia:
Os sonhos são desejos rejeitados.
E Jung acrescentava:
O inconsciente exerce através do sonho
Uma ação compensadora...
O sonho é um fator de regulação do pensamento.
Como decifrar a quantidade de sonhos noturnos?
Se meu espírito vagabundo perambula a noite inteira?
Quando me acordo sonhadora
Ele repete aos meus ouvidos:
As idéias se concretizam na ambição de teus sonhos.
Avante um outro dia começa
Sem sonhos, a realidade perde o sabor do desafio.
Sem sonhos não alcanças a utopia

Setembro-2005


 Odorar de saudade


A saudade é mais forte do que o perfume
O tempo passa, a saudade nunca se evapora...
Ela é tempo presente e se sente.
O odor me leva sempre a lembranças
O cheiro de sabonete Febo, leite Rosa lembra meu pai.
Colônia Johnson odor de meus irmãos,
Colônia “Yves Saint Laurent”, cheiro do grande amor,
Perfume “Fleur de Rocaille” minha adolescência,
Cheiro de gasolina, meu primeiro “fusquinha”
Quando tempero o feijão, lembro de Dona Aurélia,
O cheiro da caipirinha, me lembra Ferreirinha,
Cheiro de Banana frita a Dona Flor,
Farinha do Arenin, malagueta, murupi,
Lembram os Tambaquis assados na brasa,
Na casa de Silvio e Nádima,
Cercados de amigos da faculdade,
Tudo exala saudades de Manaus,
Cheiro de lingüiça “merguez”
Batata frita, este odor colou no nariz!
Representa todas as “manifs” de Paris.
Galinha frita, lembra restaurante universitário.
Cupuaçu, Abiu, graviola, manga, ingá,
Cajá, Tucumã, Bacuri, maracujá, Açai
Beribá, Cacau, Mutamba, Cajarana,
Odores de minha infância na Amazônia
Oh! Odorar de saudades,
Que o tempo não exala...

MMF-outubro-2005

Outubro 2005

Identidade tropical

Nasci e cresci na Amazônia.
Boca do Acre, Rio Branco, Manaus.
Denominada Amazônia Ocidental,
Nela forjei minha identidade tropical.
No lugar de cidadania
Reivindico da “florestania»!
Pertenço aos povos da Floresta.
Sou cabocla,
Nascida na beira do Rio,
Sou da sociedade da canoa,
Nada de esforço desnecessário.
Navegar é preciso,
Remar nem sempre.
Tudo depende das correntes.
Eis o aprendizado dos rios:
Saber aproveitar da calmaria,
Observar os remansos,
Olhar o rebojo sem se apavorar.
Na filosofia cabocla,
A noção do tempo é distinta.
Tudo depende da intensidade
Emocional da espera

14 de abril 2005

15 anos de Tainá



Fecho os olhos, vejo meu bebê Tainá.
Ela ao nascer não queria chorar.
Uma palmada no bumbum fez a vida brotar!
Tainá meu bebê abre a boca a chorar!
Inesquecíveis emoções do pós-parto,
Em cima de minha barriga ela se acalma,
Esfrega sua cabecinha no meu corpo suado de esforço.
De repente, abre os olhinhos,
Uma interação de vidas e emoções.
Toda a dor do parto desaparece,
Diante da vida que brota de mim...
Lágrimas de felicidade escorre em meu rosto.
Pascal meu homem presente aperta minha mão,
Eis o segundo fruto de nosso amor.
Minha menina vai se chamar Taïná,
A estrela amante na mitologia dos índios Carajás.
Hoje ela completa 15 anos,
Com muita alegria vamos festejar.

Viroflay, 12 fevereiro 2004.
Abril

Meu jardim floriu
De uma beleza esmera
Vestiu-se de primavera
De verde de grama orvalhada,
De amarelo de cravos
De giroflées
De tulipas de cores múltiplas
De Lis laranja
De lírios azul e branco
De tapetes de “myosotis”
Beleza e saudades brotam do chão
O mês de abril  aquece  o amante coração.


Primavera Viroflay 2003

Depois dos 50

No seu aniversario
Acorde tranqüilamente,
Bem descontraída....
Se estique, se espreguice.
Faça aquele huuummm demorado.
Levante calmamente.
Tome aquela ducha morna,
Cante sua canção preferida.
Fixe seu olhar no espelho,
Faça um sorriso,
Continue sorrindo,
Do sorriso meio forçado
Ao sorriso natural.
Olhe bem nos seus olhos.
Observe seu rosto.
Brinque de caretas.
Com o rosto relaxado
Acaricie suas rugas.
Faça a viagem no tempo
Atrás de cada ruga.
A intensidade da vida
Toque naquela ruga discreta
Em cada marca de expressão,
São pequenos caminhos.
Passei por eles...
Teu rosto é tua geografia,
Mapa de tua vida.
Nem o bisturi, nem o tempo podem apagar.
São historias de vida,
Que cada ruga acumula.
São simples marcas,
De um tempo que passa.
E não se desgasta.
Depois dos 50
Lembre dos 20, dos 30.
Cada década é bem-vinda.
Percorra sua memória,
O tempo não pode parar.
Agora se faça bonita,
Vista-se de alegria,
Viva a vida em harmonia.

Improvisação escrita para mim no dia de meu aniversario
22 de agosto de 2002

Ser e ter


Meu ser e ter
Juntos viver
Ser eu, ser outra.
Simplesmente ser,
Simplesmente ter.
Desenvolver em mim,
A ternura de ser,
O prazer de ter.
De querer viver
Solidariamente o ter…
Para gratificar meu ser.

Marilza de Melo Foucher
Viroflay, 15 de junho 2002


Cactos florindo em terra árida

Na busca do novo mundo
Naveguei em muitos rios.
Percorri muitas estradas.
Às vezes de mapa na mão,
Às vezes na intuição.
Alguns caminhos na contra-mão.
E assim fui avançando...
Cheia de sonhos e determinação.
Muitas vezes, indagava um e outro.
Por onde caminhar.
Como chegar nesse lugar?
Escutei varias versões...
Estás na boa direção
Dizia um cidadão. 
Outro acrescentava:
A caminhada é longa, até a sua destinação.
Muitas pedras dificultarão teu caminho...
Uma minoria auto-satisfeita
Tentava outra explicação:
Os teimosos utópicos não têm jeito não!
Eles estarão sempre na contra-mão!
Na contramão da historia,
Na contramão da globalização,
O novo mundo é mais um novo fetiche.
Dotada de esperanças continuei a avançar...

Fórum Social 2002



Aos poetas do quotidiano

Quem tem origens nordestinas
Sabe poetizar o quotidiano
Transforma sertão em mar
Mar em sertão
Mesmo se a chuva só pinga,
Mandacaru flora.
A cratera aberta no solo do sertão
Vira lição de vida.
São rostos envelhecidos no chão
Que o senhor da terra pisou, ignorou.
Nos solados de seus pés o poder acumulou
Água, fio condutor de poder.
Pouco importa as crateras na terra do sertão,
Rostos envelhecidos da vida,
Rostos com sede de vida,
“Dar de beber a quem tem sede”... 
Provérbio de uma bíblia esquecida
Os coronéis do sertão têm direito ao perdão?
Felizmente, os poetas do sertão,
Surgiram das crateras desse chão.
Declamando por justiça,
Penduraram seus versos em cordões!
Resgatando memórias,
Exaltando a liberdade,
Clamando por justiça,
Poetizando o quotidiano,
O cordel nasceu,  o cordel cresceu,
O cordel se revoltou!
E a poesia deu vida aos nordestinos
Ontem, rostos desfigurados pelo sol,
Hoje rostos rejuvenescidos brotam desse chão.
O cidadão do sertão não aceita mais a exclusão
O ser cidadão, o ser, o ter no sertão.
Água, Terra, fontes de vida.
Sol, energia circulando,
Beija a terra sem agressão,
A seca, vocabulário secular,
Não é mais bicho papão e rima com solução?
Salve os poetas da subversão oriundos do sertão!
Que não esperaram passivos a chuva chegar,
Que em noite de lua cheia vagam pelos campos,
Pelas caatingas semeando a utopia!
Utopia real de uma poesia não virtual,
E tem no nordeste sua capital!

Viroflay, 28 de março 2001 (primavera)


Minhas Meninas
       De uma mãe nascida nas barrancas do rio Acre


Minhas filhas, minhas amigas,
Resultado da miscigenação.
Fruto do amor ternura.
Duas franco-brasileiras,
Enlace cultural de duas culturas.
Duas sociedades diferentes.
Uma de origem Amazônica,
Eu a nomeio de sociedade da canoa.
A segunda, franco-parisiense,
Eu a denomino de sociedade do metrô.
A noção do tempo já marca a diferença.
Na sociedade da canoa,
O tempo interage com a paciência da espera...
O relógio é um objeto desnecessário,
O tempo não é uma ciência exata.
Ele está fora do alcance do cronômetro.
Existem apenas, alguns parâmetros:
Madrugada, o nascer do sol,
Antes de meio dia, no final da tarde,
Na boca da noite, antes da meia noite.
Intervalos de encontros e desencontros.
Na sociedade da canoa,
O volume e a corrente das águas,
Contribuem para a canoa avançar...
A força humana co-habita com a força bruta.
A natureza dita suas regras.
O ser humano se adapta ao meio ambiente.
Pode-se remar contra e a favor das correntes.
O caboclo convive com a tranqüilidade,
Aprendeu a remar com o tempo,
O importante é chegar ao porto final.
Sem pressa sem se estressar,
Ninguém de relógio lhe espera...
...





Na sociedade do metrô,
O tempo da espera é distinto,
Tudo depende de cálculos racionais,
A velocidade é uma máquina programada,
Relógios, cronômetros, computadores,
O tempo é organizado, programado.
Retrata a pressa na evolução do mundo moderno.
Tudo é sempre contado, medido,
O ser humano está sempre a correr,
Corre pra pegar o metrô...
Corre pra chegar no trabalho.
A noção de tempo é fundamental.
O relógio é indispensável!
Cada cultura tem o seu ritmo.
Uma responde aos critérios da natureza
E outra aos critérios da racionalidade...
As duas sociedades se mesclam,
As diferenças reforçam a convivência.
Maïra e Taïna, minhas meninas,
Herdeiras desse capital cultural.
Sabem correr e sabem esperar...
Mescla de cartesianismo com sabor tropical.
Aprendizado rico de um conviver. 
No tempo da canoa,
No tempo do Metrô.
Num tempo intenso pra viver.


Marilza, junho 2001








Henryane de Chaponay

Um poeta amigo já dizia que a amizade é assim:
Quando ela atinge o poder silencioso das estrelas,
Prescinde de convívio, elide o tempo,
É diamante sereno na memória.
Henryane no dia 8 de maio é teu aniversario
Teus 80 anos se transformaram em estrelas de uma constelação
Que brilhou no céu da América Latina iluminando milhões de rostos amigos
A embaixadora, dos exilados políticos, dos oprimidos
A andarilha da esperança com seu sorriso de eterna criança
Henryane, querida amiga, artesã da solidariedade,
Na França tem sua pátria,
No Marrocos sua terra criança
No Brasil sua morada,
No Chile sua paixão,
No México país irmão
De um país a outro, pássaro-avião pousa nos aeroportos da vida
Para que a  cidadã do mundo, teça sua rede de sonhos
Uma parada para meditar...
Enquanto embala o tempo na rede
Convida seus amigos para discutir até a aurora chegar...

Viroflay, Maio 2001


Flora de abril



Flora
Germinou,
Brotou,
E, a helva coloriu. 
Helva sorriu,
Primavera de abril.
Flora floriu,
Flora chorou.
Choro de vida
Vida sou
Adriana
Carlos
Amor jubilou
Helva tua irmã chegou!

Escrita para Flora nascida no dia 4 de abril 2002
Viroflay, 4 de abril 2002- madrinha (2) de Helva.

    

Para o amigo Marcio Souza

Ler um livro

A leitura de um livro
Altera todos os sentidos.
Em cada página virada,
Em cada página lida,
Imagens ficam retidas,
A emoção se manifesta.
A leitura se ocupa do tempo.
Oh, livro! Companheiro onipresente!
Bendito a vós, bom escritor!
Que detém como refém o leitor.
Dotado de imaginação,
Transporta sem peso o leitor.
Num vai e vem de surpresas,
De suspense e humor.

Outubro 2001



Sonho de vida, vida de sonhos.

Às vezes penso que minha vida é um sonho,
Às vezes duvido da realidade do sonho.
Sonhos de vida integrando o meu existencial.
Quando vejo as folhas mortas do outono,
E olho as árvores despidas para o inverno,
Imagino que eu integro esse contraste cósmico.
Logo, me ponho a sonhar.
Sonho com o verde permanente da Amazônia,
Sonho com as arvores vestidas de branco,
Cobertas de neve no próximo natal.
Assim, cada gesto de beleza da natureza,
Alimenta minha vida de sonhos.
Quando piso nas folhas mortas do outono,
Sinto a sonoridade musical em meus pés,
Quando o vento frio acaricia meu rosto,
Sinto o rejuvenescer da vida.
Olho com contemplação a cada mudança de estação,
As folhas do outono que bailam no ar
Até caírem ao chão...
Posso eu, duvidar da realidade dos sonhos?

Outono, Viroflay 2001

Natal 2001/2002

O que é o Natal para o mundo ocidental?
Festa dos cristãos?
Festa do consumismo?
Orgia profana da globalização?
Pouco importa se tens fé ou não.
Nesse Natal, quero confraternização,
Quero sentir o valor do perdão.
Quero me solidarizar,
Com você que não tem terra,
Com você que não tem teto,
Com você que é excluído.
Quero acreditar na lenda finlandesa do Papai Noel,
Não quero excluir nenhuma criança,
Na festa do Natal.
Quero acreditar na palavra Solidariedade,
Escritas nos cartões de Natal,
Nos votos recebidos de felicidade
Ao alcance de todos.
Quero reforçar sonhos utópicos,
De um Brasil Real
Sem o surrealismo
Da novela global.
Quero a alegria invadindo lares,
Quero a fraternura presente,
Quero perpetuar o amor,
Quero o perdão sincero,
Sem a hipocrisia da caridade,
Nem missa de galo.
Quero cantar,
Quero dançar,
Quero festejar a vida,
Vida vivida
Por mais que sofrida.
Quero oferecer a todos o melhor sorriso do mundo,
O sorriso de ternura do meu pai, Mario Diogo
Feliz de reunir toda a família,
Filhos, netos, bisnetos e tataranetos.

Manaus, 23 de dezembro de 2001.




8 de março

Em homenagem as mulheres minhas amigas
         

Mulher Ternura
Mulher Guerreira
Mulher Urbana
Mulher Rural
Mulher Militante
Mulher Profissional

Mulher Parlamentaria
Mulher Funcionária
Mulher Operária
Mulher Professora
Mulher Jornalista
Mulher Artista

Mulher Escritora
Mulher Pesquisadora
Mulher Doutora
Mulher Prefeita
Mulher Eleita
Mulher Presidenta

Mulher invisível
Mulher Excluída
Mulher Oprimida
Mulher Sofrida
Mulher Guerreira

Mulher Amante
Mulher da Vida
Mulher dar Vida
Mulher Vivida
Mulher Encoberta
Mulher Liberta

Liberdade e Paridade
Não se decreta
Poder se conquista!
A luta continua!
PERSISTA MULHER AMIGA!
Estação de Metrô Saint Michel-Paris-6 de março 2002




Lula Presidente

Você diz:
Sem medo de ser feliz
Você pensa:
Um mundo melhor compensa!
Você reage às injustiças da Nação,
Você é contra a discriminação
Ponha sua cidadania em ação,
O Lula não é bicho-papão,
Com Lula vamos ter um governo cidadão,
Diga não aos preconceitos
Diga sim aos seus direitos
Você age e faz
Um Brasil de Paz
Agora ou nunca mais
Você eleitor consciente
Vote Lula Presidente

Viroflay –França-Outubro 2002



Taïna menina-moça

Mês de fevereiro,
Mês de Yemanjá,
Mês de Taïná
13 anos de vida!
Minha menina cresceu…
A adolescente nasceu.
Seu rosto mudou,
Seu corpo se transformou.
Eu não vi que o tempo passou
Hoje Tainá é uma menina-moça,
Dengosa e charmosa,
Linda filha que o amor me ofertou !
Estrela amante na lenda dos Carajás,
Que no firmamento continua a brilhar.
Ontem Taïna alegre e surpresa,
Aproximou-me meio tímida,
Encostou sua cabeça no meu ombro e falou :
Mamãe ! Minha menstruação chegou !
Nos abraçamos felizes,
Bem-vinda ao clube Taïná !
Sentimos a cumplicidade feminina chegar.
De tudo falamos, corpo, evolução,
Amor e, reprodução.
Sem esquecer do ser mulher,
Relações de gênero e nossas contradições…

Viroflay 28 de fevereiro 2002


Final de ano.

Sempre em final de ano sou invadida de estranhas sensações
Sinto inquietude, tristeza, esperança, alegria, saudade.
Uma mistura singular de emoções
Tenho quase mania de auditor de fazer balanço
Balanço de vida, desse mundo em que vivo
Pesando as coisas negativas e coisas positivas,
Ai vem àquela questão si o impossível é a lei do milagre
E si  fé transporta realmente montanhas...
O que faço eu de meu existencial?
O que eu levarei como bagagem de vida para 2003?
De certeza levarei a teimosia dos seres utópicos,
Onde o imaginário é uma dimensão essencial do real.
Levarei a esperança que é possível construir um novo mundo,
Levarei champanha, vinho francês da melhor cepa para com Lula brindar nova vida.
Levarei para o senado brasileiro, para os deputados a ética e o ideal belo da democracia.
Levarei para o futuro governo do Brasil uma vacina anticorrupção.
Levarei a memória dos compromissos assumidos durante a eleição.
Levarei a certeza de que cada brasileiro terá orgulho e dignidade de pertencer a Nação.
Levarei um símbolo novo para nossa bandeira: Justiça Social e Progresso!
Levarei a convicção da co-responsabilidade, dos direitos do ser cidadão.
Levarei para os desencantados da vida o direito de ser feliz.
Levarei o desejo de continuar sonhando num futuro melhor de meu país.
Levarei a imagem da criança brasileira bem alimentada sorrindo para o futuro.
Levarei a inquietude, a tristeza para conviver com a alegria,
Levarei a saudade de minha terra para reviver sempre a memória.
Levarei meu jardim em hibernação para colorir o ano novo no sertão.
Solicitarei meus amigos, amigas, minha família nesse final de ano,
Que ajude a levar comigo para 2003 essa bagagem carregada de sonhos
Não quero sonhar sozinha,
Quero uma soma de sonhos, sonhos coletivos,
Que si traduzirão em realidade.
Avançaremos juntos na expectativa que em 2003,
A ordem dos desejos será  acessível e a felicidade possível.
Com muita ternura de final de ano

Viroflay-França, 1 de dezembro de 2002


Abril


Meu jardim floriu
De uma beleza esmerada
Vestiu-se de primavera
De verde de grama orvalhada,
De amarelo de cravos
De giroflées
De tulipas de cores múltiplas
De Lis laranja
De lírios azul e branco
De tapetes de miosótis
Beleza e saudades brotam do chão
O mês de abril, a primavera
Aquece  o amante coração

Primavera Viroflay 2003



Leila

Leve como uma pluma,
Corria feliz pela rua.
Dava bom dia e se ia
Leila moleca,
A Rua Ajuricaba se divertia.
Leila sapeca,
Jogava peteca,
Empinava papagaio,
Pulava macaca,
Jogava bola,
Leila corria,
Leila sorria.
A gurizada da rua,
Leila respeitava e temia.
Leila criança meiga crescia.
A liberdade na rua cativava,
De pés no chão o mundo desafiava.

Para prima Leila no dia de seu aniversário
Viroflay, 2003-05-08

O pagode do Dudu

O pagode do Dudu embolou
Um vizinho não suportou a zoeira
Foi na policia do bairro e denunciou
Sem pagode, sem batucada, sem bossa
O violão do Dudu silenciou
A cuíca, o reco-reco, o chocalho,o agogô
Solidarizou-se e minha quinta feira triste ficou
A galera debandou
E agora seu Dudu para onde eu vou?

Maio 2004



A utopia de uma nova  Manaus


Agora que a eleição passou
A temperatura emocional se equilibrou
Chegou a hora de agir por dever e obrigação
Que tal o exercício da cidadania política depois da eleição?
Votastes pela ética na política e contra a corrupção
Chegou a hora de participares na co-gestão da tua cidade ideal
De exerceres o controle social na gestão municipal
Agora és um  ator social, sujeito e cidadão
O “empoderamento” democrático estar em tuas mãos
Resta construir o teu espaço e se organizar para a nobre ação
Enquanto grupo de Mulheres, negros, índios,
jovens, terceira idade, Movimento social,
Sindicato, Cooperativa, Conselho, Pastoral, Associação,
Passas a representar a sociedade civil organizada
Terás orgulho e dignidade de participares nessa transformação
Vale a pena sonhar com uma nova Manaus
Com pragmatismo e teimosia dos seres utópicos
O imaginário passa a ser uma dimensão essencial do real
Continuarás lutando contra o clientelismo e contra a corrupção
Exercendo o controle social sobre o poder executivo
Acompanhando de perto os legisladores do poder municipal
Que estes não esqueçam dos compromissos assumidos durante a eleição
O povo tem memória e na terra dos “bares” acabou a enganação
O poder local democrático e cidadão estar em construção!
Solicites uma Auditoria antes que o novo governo entre em ação
Com total imparcialidade em respeito à constituição
Procures saber o que foi feito com a tua contribuição
Qual é o Orçamento Municipal e sua real arrecadação 
O que foi gasto e realizado com o dinheiro da nação
Essas são exigências necessárias para uma boa co-gestão.
     
 
Outubro 2004


Poema virtual: imagem @ mundo

Imagem, mundo@ virtual.
Afinal onde estar o mal?
Quem é o bem?
Imperialismo
Terrorismo
Ben Laden?
Desordem mundial
Triste Século XXI...
Sem horizonte, meu mundo ocidental?
Obscurantismo
Povo sofrido
Mulheres vestidas de sombras
Encobertas de desamor e dor
Poesia virtual, dispersada.
Sem rimas,
Em busca de versos,
Inspirados na paz.
Sem terrorismo,
Sem imperialismo
Imagem@mundo.com
Eu quero paz,
E palomas brancas,
Pra sobrevoar os desertos
Além da imagem mundo@virtual


Marilza, 11Setembro 2001




O amor é efêmero?



Mas o que é o amor finalmente?
O amor paixão?
O amor ternura?
O que bate o coração?
Ou o que amansa o coração?
No quotidiano de uma vida há dois,
Diante do tempo que passa,
Depois de um ano, dois anos
Três anos, quatro anos.
O amor paixão perdura?
E no quotidiano de um casal de dez, vinte anos,
Perdura a ilusão do amor paixão?...
Ou simplesmente insistimos na idealização falsa do amor?
Interrogação, interrogações si multiplicam...
Eu, sinceramente acredito na evolução e maturidade do amor.
Sou mais pelo amor ternura,
Aquele que amansa o coração
E permite ao quotidiano de se renovar,
Às vezes com brigas, intrigas e conciliações...
Eis é dialética do amor na sua mais profunda contradição

Viroflay, 7 de julho 2001.
  

A realidade do tempo


Qual o tempo de uma canoa?
Qual o tempo de um Trem TGV?
Qual o tempo Zen?
E o tempo da internet?
E o tempo para se comunicar?
O tempo voa?
A borboleta pousa?
O tempo corre?
Uma lágrima escorre?
O tempo perdido?
O tempo vivido?
A saudade tem tempo?
E o amor dura tempo?
O amor vira tempo?
E a ternura do tempo?
Por que cronometrar o tempo?
Se o tempo não tem pressa...

Viroflay, março 2001.





15 anos de Tauí


Uma adolescência se inicia...
Vale a pena festejar com alegria,
Taui teu corpo se fez mulher
Teu olhar para o mundo mudou...
Tua pesonalidade se afirmo.
É proibido proibir, bom refrão!
A palavra não, quer dizer aprovação.
A palavra sim, negação.
Compreenda quem quiser a ordem dos valores,
Não sou “aborescente”,
Como muitos pensam e propagam.
Eu digo não a repressão,
Eu digo não a submissão,
Eu sei dizer sim balançando a cabeça pro não
Meu coração explode de emoção!
Não necessito de proteção,
Sei que o universo gira ao meu favor,
Sei protestar meu mau humor
Não me enche o saco não!
Interdição, proteção.
Sinônimos do mundo adulto,
Eles que só ouvem a razão.
Eu não galero na galera,
Eu nasci em fim de primavera,
Acostumei-me ao colorido da vida
E com ela aprendi a bailar.
Na ponta dos pés vejo o mundo
Sim e não, não e sim.
Eu sou, Tauí e dai?.

Novembro 2000




1999/2000-A quem eu penso?

Penso em minha mãe que me deixou
Quando eu tinha um pouco mais de dois anos...
Fecho os olhos para pensar como ela seria nesse final de século
Vejo-lhe bela, olhar sereno cheio de ternura,
Reconfortando as dores de meu corpo cansado.
Penso em meu pai, poeta regional,
Ele que descreve a Amazônia sem igual,
Enamorado de rios, lagos, igarapés,
Igapós, floresta e canto de pássaros.
Penso nos amigos, nas amigas de infância...
Muitos seguiram caminhos diferentes,
O que nos une hoje são as lembranças,
Momentos agradáveis da infância...
Uma memória afetiva a ser preservada...
Penso nas amizades construídas meio século de vida.
Pensamentos idos e vividos.
Penso em todos os amigos e amigas,
As lembranças, expressões de olhares,
Muitos sorrisos desfilam na memória não virtual
Penso muito nesse final de século.
E me agarro com força e fé em todas as passagens boas da vida.
Fecho os olhos e esqueço as dores das vértebras usadas e calejadas...
Penso em Pascal, Maïra e Taïná, vidas minhas.
Navego dentro do tempo e dentro de mim.
De repente, me sento e volto a escrever.
Ah! Como sinto inveja dos poetas!
Se eu soubesse transformar o que penso em versos!
Peço socorro a Pablo Neruda, a Drummont,
A Bandeira, a Pessoa, a Casaldáglia,
A Jacques Prévert, Paul Eduard, a Thiago de Melo,
A Hamilton Faria, a Mario Diogo e, tantos outros.
Que enalteceram esse século vinte com suas poesias,
Ah! Se eles tivessem o poder da magia!
De certeza iriam me ajudar nesse final de século
A transformar minhas palavras em constelação de estrelas...
Que elas, pela força de meu pensamento,
Pudessem brilhar à meia noite na virada do século.
No céu de minha Boca do Acre,
No céu de meu Brasil,
No céu poluído de Paris,
No céu do Chile,
No céu do Uruguai,
No céu da Argentina,
No céu do Paraguai,
Nos vários lugares onde tenho amigos e amigas.
Dançaremos juntos, a ciranda na meia noite,
Cirandando de mãos dadas,
Abraçados como bêbados e equilibristas
Segurando o universo, embriagado de felicidade.
Nos deixaremos ser levados pela a estrela guia
Que nos oferece para o ano 2000 a esperança e utopia.

Viroflay, 24 de dezembro de 1999.




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